Allan Kardec inicia o livro “O Evangelho segundo o Espiritismo” propondo uma divisão em cinco partes, as matérias contidas nos Evangelhos: Os atos comuns da vida do Cristo, os milagres; as predições; as palavras que foram tomadas pela igreja para fundamento de seus dogmas; e o ensino moral. Continua ele: As quatro primeiras têm sido objeto de controvérsias; a ultima porém, conservou-se constantemente inatacável.
E podemos com certeza afirmar que, se a preocupação com a parte moral tivesse sido prioritária quando da análise dos textos evangélicos, a Humanidade já teria progredido muito mais, e o mundo que habitamos já faria parte dos planos mais evoluídos da criação.
Mas na realidade, qual é o conceito desta tão discutida moral?
Segundo o dicionário, moral é o conjunto de regras que constituem o bom costume. Baseado neste pequeno conceito, vemos que o entendimento do que é moral evolui com o evoluir dos homens, porque o que é um bom costume hoje, pode não ser assim considerado amanhã. Desta forma, moral pode ser entendido como sinônimo de ética, o que para nós, não é verdade.
O verdadeiro conceito de moral para nós é dado pelos Espíritos na questão 629 de “O Livro dos Espíritos”, quando nos afirmam que a vivência moral está vinculada à observância da Lei de Deus, e esse é na essência o entendimento de moral segundo nos ensinou o “Mestre dos Mestres”: Jesus.
A Moral Cristã está toda baseada no entendimento do que seja Deus, Sua Lei, e na fraternidade decorrida do entendimento real da relação Criador-criatura.
Deus é entendido pelo Cristo, como Pai. E segundo João nos afirma no capítulo 4 de sua 1ª epístola, Deus é amor, e continua ele: Se alguém diz: eu amo a Deus, e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? (I João, 4: 8 e 20)
Entendido Deus, e sua relação conosco , temos a chave da compreensão de toda a moral cristã. Por isso, a insistência do Mestre para que nos amássemos uns aos outros, resumo de todos os seus ensinamentos. Moral, segundo o Cristo, é ver em primeiro lugar o interesse do próximo, entendendo como tal, todo aquele que precisa de nós, como nos mostra na Parábola do Samaritano, é dizermos não ao personalismo, é trabalhar não pensando no nosso bem estar, mas em quantos podemos beneficiar com o nosso trabalho.
Quando alguém lhe pedir o vestido, dê-lhe também a capa.
Se alguém te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas.
Ame o vosso inimigo.
Ore pelo que vos persegue.
Se amardes somente os que vos amam, que galardão havereis?
Faze isso, e viverás, porque aquele que permanecer na minha palavra será meu discípulo, e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
E para concluir, ficamos com a visão madura de Joanna de Ângelis:
Jesus se preocupa com a perfeição íntima, ética, intransferível dos homens, conclamando-os a realizarem o “Reino de Deus” interiormente, numa elaboração otimista.
Certamente, a moral cristã ainda não colimou os seus objetivos elevados, conquanto os vinte séculos passados. Todavia, diante dos esforços do Direito e da acentuada luta pacífica das organizações mundiais, a Moral, em diversas apreciações tornadas legais, sancionadas por governos e povos, atingirá, não obstante as dificuldades e transições do atual momento histórico, o seu fanal nos dias do porvir, propondo ao homem moderno, na moderação e eqüidade, nos costumes corretos, aceitos pelo comportamento das gerações passadas, a vivência do máximo postulado do Cristo, sempre sábio e atual: “Fazer ao próximo o que desejar que este lhe faça”, respeitando e respeitando-se, para desfrutar a consciência apaziguada e viver longos dias de harmonia na terra, com felicidade espiritual depois da destruição dos tecidos físicos pelo fenômeno da morte.
Livro: Apostila do Curso de Espiritismo e Evangelho
Centro Espírita Amor e Caridade - Goiânia – GO – 1997
Site: www.autoresespiritasclassicos.com
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