Existe uma série de ações que devemos ter ao longo
de nossa encarnação, a fim de processar nossa reforma individual e purificar
nossos sentimentos. Porém, devemos ter em mente que isso deve ocorrer em nosso
pensamento e coração, promovendo a mudança de hábitos e comportamentos e,
conseqüentemente, de nossa relação com o meio. Não devemos mudar... pela
simples imposição do meio, sem senti-la, porque será uma mudança forçada que
objetiva resultados e benefícios próprios. A reforma pessoal visa mudar o eu na
relação com o meio, promovendo evolução e não ganhos pessoais
Para que isso aconteça, temos que desenvolver nosso
conhecimento sobre aquilo que objetivamos mudar. Atuar como médium é seguir
toda uma filosofia espírita, trabalhar com uma ciência bem delimitada e nos
religarmos a Deus sob a ótica da reencarnação. Tudo isso possui teorias que
elucidam e nos fazem compreender a realidade dos fatos. Allan Kardec é o grande
precursor desse arcabouço prático-teórico que explica ao mundo a realidade
espiritual. Suas obras são a base sólida do Espiritismo no Planeta, mas não é
apenas a esse autor que devemos declinar nosso interesse e motivação.
Encontramos hoje em muitos autores espíritas e espiritualistas em geral, sejam
eles encarnados ou desencarnados, fontes vivas de luz e de novos caminhos
necessários ao crescimento dos povos. Entre eles poderíamos citar Francisco
Cândido Xavier e colaboradores, Ramatís, José Lacerda de Azevedo, entre muitos
outros. O conhecimento espírita é como um botão de rosa que vem se abrindo ao mundo,
revelando a cada despertar novas verdades. Por isso, não podemos considerar que
nossa ciência se restrinja às informações de Kardec, apesar de seu valor e
importância indescritíveis. A humanidade e o pensamento vigente evoluem e
necessitam de novas técnicas e saberes.
Da teoria à prática
Adquirindo novas informações, devemos processá-las
e começar a transformá-las em ações efetivas de mudança em nosso dia-a-dia,
principalmente no que concerne aos ensinamentos e ao amor cristão, pois esse é
o ensinamento de todos os ensinamentos, hoje e sempre. E isso não deve
acontecer apenas entre as paredes dos centros espíritas. O primeiro lugar de
exercício desse processo é o nosso lar. Se junto de nossos pais, irmãos,
maridos, esposas, filhos e seres ligados diretamente não semearmos o respeito,
a fraternidade e a caridade, não será com nossos desafetos e irmãos mais
distantes que teremos facilidade de consegui-lo. A grande família cósmica e a
grande regeneração planetária acontecerão a partir da transformação das partes
que a compõem, e a família é esse micronúcleo que eclode e dissemina o senso
comum na sociedade. Harmonizando nosso lar e direcionando nossas intenções à
família, devemos olhar também para nossa atividade profissional. Não existem
profissões com maior ou menor dignidade e nem pessoas mais ou menos capazes. O
que há em nossas vidas são reencontros que visam resgatar e nos lançar mais
próximos da Luz. Nosso ambiente de trabalho é o local em que passamos a maior
parte de nossa encarnação e onde mantemos os reencontros mais constantes e
repetitivos. Não será nos queixando e lamentando que alcançaremos com êxito
nosso intento. Todos nós estaremos ali reunidos pelo mesmo padrão vibratório e
pelas mesmas identificações. Se percebemos diferente, levemos todos junto
conosco. Trabalhar é a essência de nossa encarnação, é transformar. Nossa
libertação dos vícios comportamentais é o próximo passo. Julgar, falar demais,
criticar, mentir, omitir, ser indiferente e alheio, entre outros, são
comportamentos danosos a nós e aos outros e devem ser exercitados, a fim de
reduzi-los e até eliminá-los. Geralmente nossas atitudes são muito mais
perigosas ao espírito do que os vícios químicos. Não que estes não sejam
relevantes, muito pelo contrário, são de intensidade proporcional, entretanto,
muitas vezes são mais valorizados do que os outros. Obviamente que a
alimentação compulsiva, o fumo, as bebidas de álcool e qualquer outro tipo de
substância psicoativa, lesam tanto nosso corpo físico quando os espirituais,
mas devemos lembrar que vício é vício e existem infinitas formas de danos.
Sermos resignados sem passividade e apatia é outra forma de desenvolvimento
individual. Aceitar nossa condição, lutando por um mundo e uma evolução pessoal
maior e vendo o que nos acontece é o melhor para cada um e uma benção generosa
de Deus.
Jesus, luz em nossas almas.
Esse sem dúvida é um caminho de muita dificuldade
para seres tão imperfeitos como nós. A melhor forma de conseguir um intento
proveitoso é não esquecermos que, para ocorrer tudo isso, devemos estar sempre
ao lado de Jesus e de nosso Pai, elevando nossos pensamentos, nossos corações e
buscando nosso desdobramento espiritual para junto dos espíritos instrutores,
que já estão em lugares um pouco mais elevados do que estamos hoje.
Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 09. Escrito por Clecio Carlos Gomes
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