"Eu vi um formoso Cigano
Sentado na beira do Rio
Com seus cabelos negros
E os olhos cor de anil
Quando eu me aproximava o cigano me chamou
Com seus dados nas mãos
O cigano me falou
Seus caminhos estão abertos
Na saúde, na paz e amor,
Foi se despedindo e me abençoou
Eu não sou daqui, mas vou levar saudades,
Eu sou o Cigano Pablo, lá das Três Trindades."
Esta linha
de trabalhos espirituais já é muito antiga dentro da Umbanda, e "carregam
as falanges ciganas juntamente com as falanges orientais uma importância muito
elevada, sendo cultuadas por todo um seguimento espírita e que se explica por
suas próprias razões, elegendo a prioridade de trabalho dentro da ordem natural
das coisas em suas próprias tendências e especialidades.
Assim,
numerosas correntes ciganas estão a serviço do mundo imaterial e carregam como
seus sustentadores e dirigentes aqueles espíritos mais evoluídos e antigos
dentro da ordem de aprendizado, confundindo-se muitas vezes pela repetição dos
nomes comuns apresentados para melhor reconhecimento, preservando os costumes
como forma de trabalho e respeito, facilitando a possibilidade de ampliar suas
correntes com seus companheiros desencarnados e que buscam no universo astral
seu paradeiro, como ocorre com todas as outras correntes do espaço.
O povo cigano
designado ao encarne na Terra, através dos tempos e de todo o trabalho
desenvolvido até então, conseguiu conquistar um lugar de razoável importância
dentro deste contexto espiritual, tendo muitos deles alçado a graça de seguirem
para outros espaços de maior evolução espiritual, juntamente com outros grupos
de espíritos, também de longa data de reencarnações repetidas na Terra e de
grande contribuição, caridade e aprendizado no plano imaterial.
A
argumentação de que espíritos ciganos não deveriam falar por não ciganos ou por
médiuns não ciganos e que se assim o fizessem deveriam faze-lo no idioma
próprio de seu povo, é totalmente descabida e está em desarranjo total com os
ensinamentos da espiritualidade sua doutrina evangélica, até as impossíveis
limitações que se pretende implantar com essa afirmação na evolução do espírito
humano e na lei de causa e efeito, pretendendo alterar a obra divina do Criador
e da justiça divina como se possível fosse, pretendendo questionar os desígnios
da criação e carregar para o universo espiritual nossas diminutas limitações e
desinformação, fato que nos levaria a inviabilização doutrinária. Bem como a
eleger nossa estada na Terra como mera passagem e de grande prepotência
discriminatória, destituindo lamentavelmente de legitimidade as obras divinas.
Outrossim,
mantêm-se as falanges ciganas, tanto quanto todas as outras, organizadas dentro
dos quadros ocidentais e dos mistérios que não nos é possível relatar. Obras
existem, que dão conta de suas atuações dentro de seu plano de trabalho,
chegando mesmo a divulgar passagens de suas encarnações terrenas. Agem no plano
da saúde, do amor e do conhecimento, suportam princípios magísticos e tem um
tratamento todo especial e diferenciado de outras correntes e falanges.
Ao contrário
do que se pensa os espíritos ciganos reinam em suas correntes preferencialmente
dentro do plano da luz e positivo, não trabalhando a serviço do mau e trazendo
uma contribuição inesgotável aos homens e aos seus pares, claro que dentro do
critério de merecimento, tanto quanto qualquer outro espírito teremos aqueles
que não agem dentro desse contexto e se encontram espalhados pela escuridão e a
seus serviços, por não serem diferentes de nenhum outro espírito humano.
Trabalham
preferencialmente na vibração da direita e aqueles que trabalham na vibração da
esquerda, não são os mesmo espíritos de ex ciganos, que mantêm-se na direita,
como não poderia deixar de ser, e, ostentam a condição de Guardiões e Guardiãs.
O que existe são os Exus Ciganos e as Moças Ciganas, que são verdadeiros
Guardiões à serviço da luz nas trevas, como todo Guardião e Guardiã dentro de
seus reinos de atuação, cada um com seu próprio nome de identificação dentro do
nome de força coletivo, trabalhando na atuação do plano negativo à serviço da
justiça divina, com suas falanges e trabalhadores, levando seus nomes de
mistérios coletivos e individuais de identificação, assunto este que levaria
uma obra inteira para se abordar e não se esgotaria.
Contudo,
encontramos no plano positivo falanges diversas chefiadas por ciganos diversos
em planos de atuação diversos, porém, o tratamento religioso não se difere
muito e se mantêm dentro de algumas características gerais. Imenso é o número
de espíritos ciganos que alcançaram lugar de destaque no plano espiritual e são
responsáveis pela regência e atuação em mistérios do plano de luz e seus
serviços, carregando a mística de seu povo como característica e identificação.
Dentro os
mais conhecidos, podemos citar os ciganos Pablo, Wlademir, Ramirez, Juan, Pedrovick,
Artemio, Hiago, Igor, Vitor e tantos outros, da mesma forma as ciganas, como
Esmeralda, Carme, Salomé, Carmensita, Rosita, Madalena, Yasmin, Maria Dolores,
Zaira, Sunakana, Sulamita, Wlavira, Iiarin, Sarita e muitas outras também. É
imprescindível que se afirme que na ordem elencada dos nomes não existe
hierarquia, apenas lembrança e critério de notoriedade, sem contudo, contrariar
a notoriedade de todos os outros ciganos e ciganas, que são muitos e com o
mesmo valor e importância.
Por sua
própria razão diferenciada, também diferenciado como dissemos é a forma de
cultuá-los, sem pretender em tempo algum estabelecer regras ou esgotar o
assunto, o que jamais foi nossa pretensão, mesmo porque não possuímos
conhecimento de para tanto. A razão é que a respeito sofremos de uma carência
muito grande de informação sobre o assunto e a intenção é dividir o que
conseguimos aprender a respeito deste seguimento e tratamento. Somos sabedores
que muitas outras forças também existem e o que passamos neste trabalho são
maneiras simples a respeito, sem entrar em fundamentos mais aprofundados, o que
é bom deixar induvidosamente claro.
É importante
que se esclareça, que a vinculação vibratória é de axé dos espíritos ciganos,
tem relação estreita com as cores estilizadas no culto e também com os
incensos, pratica muito utilizada entre ciganos. Os ciganos usam muitas cores
em seus trabalhos, mas cada cigano tem sua cor de vibração no plano espiritual
e uma outra cor de identificação é utilizada para velas em seu louvor. Uma das
cores, a de vinculação raramente se torna conhecida, mas a de trabalho deve
sempre ser conhecida para prática votiva das velas, roupas, etc.
Os incensos
são sempre utilizados em seus trabalhos e de acordo com o que se pretende fazer
ou alcançar.
Para o
cigano de trabalho se possível deve-se manter um altar separado do altar geral,
o que não quer dizer que não se possa cultua-lo no altar normal. Devendo esse
altar manter sua imagem, o incenso apropriado, uma taça com água e outra com
vinho, mantendo a pedra da cor de preferência do cigano em um suporte de
alumínio, fazendo oferendas periódicas para ciganos, mantendo-o iluminado
sempre com vela branca e outra da cor referenciada. Da mesma forma quando se
tratar de ciganas, apenas alterando a bebida para licor doce. E sempre que
possível derramar algumas gotas de azeite doce na pedra, deixando por três dias
e depois limpá-la.
Os espíritos
ciganos gostam muito de festas e todas elas devem acontecer com bastante fruta,
todas que não levem espinhos de qualquer espécie, podendo se encher jarras de
vinho tinto com um pouco de mel. Podendo ainda fatiar pães do tipo broa,
passando em um de seus lados molho de tomate com algumas pitadas de sal e
leva-los ao forno, por alguns minutos, muitas flores silvestres, rosas, velas
de todas as cores e se possível incenso de lótus.
As saias das
ciganas são sempre muito coloridas e o baralho, o espelho, o punhal, os dados,
os cristais, a dança e a música, moedas, medalhas, são sempre instrumentos
magísticos de trabalho dos ciganos em geral. Os ciganos trabalham com seus
encantamentos e magias e os fazem por força de seus próprios mistérios, olhando
por dentro das pessoas e dos seus olhos.
Uma das
lendas ciganas, diz que existia um povo que vivia nas profundezas da terra, com
a obrigação de estar na escuridão, sem conhecer a liberdade e a beleza. Um dia
alguém resolveu sair e ousou subir às alturas e descobriu o mundo da luz e suas
belezas. Feliz, festejou, mas ao mesmo tempo ficou atormentado e preocupado em
dar conta de sua lealdade para com seu povo, retornou à escuridão e contou o
que aconteceu. Foi então reprovado e orientado que lá era o lugar do seu povo e
dele também. Contudo, aquele fato gerou um inconformismo em todos eles e
acreditando merecerem a luz e viver bem, foram aos pés de Deus e pediram a
subida ao mundo dos livres, da beleza e da natureza. Deus então, preocupado em
atende-los, concedeu e concordou com o pedido, determinando então, que poderiam
subir à luz e viver com toda liberdade, mas não possuiriam terra e nem poder e
em troca concedia-lhes o Dom da adivinhação, para que pudessem ver o futuro das
pessoas e aconselha-las para o bem.
É muito
comum usar-se em trabalhos ciganos moedas antigas, fitas de todas as cores,
folha de sândalo, punhal, raiz de violeta, cristal, lenços coloridos, folha de
tabaco, tacho de cobre, de alumínio, cestas de vime, pedras coloridas, areia de
rio, vinho, perfumes e escolher datas certas em dias especiais sob a regência
das diversas fases da Lua..."
Trecho extraído do livro "Rituais
e Mistérios do Povo Cigano", Autor:
Nelson Pires Filho
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