Admitir a morte do
Espírito, ou seja, da Alma, e divulgar ou trazer essa concepção para a tela da
publicidade é criar mais um labirinto de dúvidas teológicas e aumentar a
controvérsia existente entre as diversas crenças ou religiões, que já se
encontram em divergências intransigentes quanto à interpretação da letra dos
Evangelhos.
Em face da visão
onisciente, imutável e absoluta da sabedoria de Deus, é inadmissível a
"rebelião perene" da criatura contra o seu Criador e suas leis. Semelhante
presunção e suas conseqüências punitivas são as da fórmula bíblica dos
"anjos decaídos". Porém, tal dogma, como outros, não possui qualquer
consistência moral de lógica e bom senso, nem mesmo para ser admitida sob um
raciocínio apenas teórico, porquanto a morte do Espírito é uma impossibilidade
concreta.
A desintegração das
consciências-indivíduos gerados ou nascidos do seio de Deus constituiria uma
enorme aberração, visto que a extinção ou "morte" das centelhas vivas
que o Criador lançou de Si implicaria na morte d'Ele próprio, que é a Fonte
dessa vida. Tal qual se dará no dia em que se extinguirem ou
"morrerem" os raios de luz do "rei" Sol, pois sendo frações
vivas de si mesmo, é óbvio que ele morrerá também.
Abordemos, então, o
outro ângulo do teorema: - o que se refere ao Mal, suas causas, seus efeitos e
amplitude. O Mal é uma reação de deprimências morais, porém, transitórias, sem
prejuízo que subsista na eternidade. O Homem, na sua caminhada evolucionista,
enquanto permanece na ignorância da sua realidade espiritual eterna, seu
livre-arbítrio desordenado leva-o a cometer desatinos de toda espécie, ou seja
- pratica o mal.
É que os seus ouvidos
ainda estão fechados à voz profunda que vibra no recesso da sua consciência,
advertindo-o para que resista aos impulsos negativos do Mal, em seu próprio
benefício, pois "Deus não quer a morte do ímpio, mas que ele se regenere e
se salve"!
Nas fases
intermediárias da sua evolução, o Homem, ativado pela força negativa, mas
pertinaz, do Egoísmo, tem como ideal supremo de sua vida adquirir recursos sem
limite, que lhe garantam prover não só às suas necessidades comuns, mas que lhe
facultem desfrutar também o gozo de prazeres e comodidades supérfluos. No
entanto, logo que ele tem conhecimento de que é um espírito imortal e sente em
seu íntimo a grandeza sublime desse atributo, e ainda, que o fator eternidade
terminará por vencê-lo, esfacelando todas as resistências da sua rebeldia
contra o Bem, ei-lo, então, pouco a pouco, renunciando aos prazeres e
interesses efêmeros do mundo utilitarista que o rodeia.
Nesse estágio
recuperativo, que se prolonga por diversas reencarnações, chega o dia em que
uma nova aurora se abre a iluminar-lhe a consciência; e, então, opera-se a
transfiguração referida por Paulo de Tarso: "o homem velho feito de carne
animal, cede lugar ao homem novo da realidade espiritual". Depois, a
dinâmica do seu egoísmo, que é natureza do Ego inferior, gradativamente,
sublima-se, transmuda-se num fator ou elemento energético do Ego superior, ou
seja, o "homem novo", já despertado, dispõe-se a assumir o comando de
si mesmo, no seu trânsito pelo Cosmo. E, à medida que a sua consciência se
eleva e santifica, então, aquela mesma firmeza de vontade do querer é poder que
vence e realiza, em vez de estar a serviço do Ego inferior, passa a servir o Eu
superior, cujo ideal supremo é o amor-fraternidade de amplitude cósmica, que,
na realização integral do "amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a si mesmo", perdoa, sacrifica-se, socorre, renuncia, dando tudo de
si sem pensar em si. E assim, atingida esta plenitude moral de grau
santificante, o microcosmo humano, que é o Homem, passa a refletir as
qualidades, as virtudes sublimes do Macrocosmo Divino, que é Deus.
Nessa altura
realiza-se então a afirmativa da Gênesis, que diz: - O Homem é feito à imagem
de Deus; e também, conforme Jesus - "o filho e o Pai são um"!
Consideremos agora a
essência moral da sua presunção quanto à possibilidade de um Espírito
permanecer nos abismos do Pecado através do tempo eternidade. Semelhante
contingência é inadmissível sob todos os aspectos, pois há uma lei cósmica de
evolução dinâmica, que impõe um movimento ascensional a todos os fenômenos do
Universo, impulsionando o imperfeito para o mais perfeito, o pior para
"subir" ao melhor. E até a própria matéria bruta, na sua constituição
atômica e molecular, está sujeita a esse imperativo evolucionista.
Além das razões
expostas, a teoria da morte do Espírito fica destroçada pela base, em face das
seguintes contingências de ordem moral: - Uma vez que Deus, em virtude dos seus
atributos de presciência e de onisciência, vê e identifica o futuro como uma
realidade presente, é óbvio que Ele sabe, por antecipação, qual o rumo ou
diretriz moral que seguirá cada um de seus filhos em suas vidas planetárias. E
como decorrência dessa visão antecipada, saberia, portanto, que entre eles,
alguns, por efeito do seu livre-arbítrio, virão a ser rebeldes incorrigíveis; e
que Ele, depois, terá de extingui-los mediante a pena de morte espiritual. Ora,
em face de tal contingência ou determinismo, resultaria o seguinte conflito de
ordem moral em relação aos atributos divinos. É que, havendo entre os espíritos
filhos de Deus, uns, possuidores de virtude ou força de vontade que os tornaria
capazes de alcançar a hierarquia da angelitude e fazerem jus à vida eterna, e
outros, condicionados a serem uma espécie de "demônios"; e que, por
isso, mais tarde, será necessário extingui-los pela morte espiritual, então,
como conciliar esta parcialidade iníqua do próprio Criador, em face dos seus
atributos de justiça e amor infinitos?... E mais: - se Deus tem de emendar ou
corrigir hoje um seu ato de ontem, então, que é feito da sua perfeição e infalibilidade?...
Ramatís
- do livro Elucidações do Além.
Nenhum comentário:
Postar um comentário