Este texto é parte do livro “História da Umbanda”, lançado em Agosto de
2010, na Bienal do Livro em São Paulo, pela Editora Madras. Esta é uma versão
editada e adaptada para servir de nota de aula ao Curso de Teologia de Umbanda
Sagrada:
Sabemos que
existem várias correntes de pensamento dentro a Umbanda e também há muitas
formas de praticá-la, ainda que todas se mantenham fiéis à participação dos
espíritos nos seus trabalhos ou engiras. Não consideramos nenhuma das correntes
melhor ou pior e nem mais ou menos importante para a consolidação da Umbanda,
Todas foram, são e sempre serão boas e importantes, pois só assim não se
estabelecerá um domínio e uma paralisia geral na assimilação e incorporação de
novas práticas ou conceitos renovadores.
(Rubens
Saraceni Formulário de Consagrações Umbandistas Ed. Madras, 2005. p.19)
Há quem defenda um “tipo ideal” de Umbanda, descartando outras formas de
praticá-la.[1] Assim uns reconhecem e
outros negam as várias Umbandas, creio que podemos trilhar um caminho do meio,
no qual a Umbanda é una na essência e diversa nas formas de praticá-la. O UM da
Unidade e a BANDA da Diversidade. O Uno e o Verso deste Universo Umbandista.
A liberdade litúrgica permite certas variantes, desde que estas não
desvirtuem seus fundamentos básicos. A pluralidade deve existir enquanto não coloca em risco a unidade.
Por unidade podemos entender seus fundamentos básicos, o que deve estar
presente em todas as formas ou pelo menos na maioria delas. Portanto é pela
unidade que definimos Umbanda e não pela diversidade, que são as diversas
maneiras de praticar esta unidade.
Por exemplo, podemos ter como fundamento básico de sua unidade a definição
de Umbanda dada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, por meio de seu médium
Zélio de Moraes, em 15 de Novembro de 1908:
Umbanda é a manifestação do espírito para a prática da caridade.
Esta definição está em sua unidade, faz parte de seus fundamentos
básicos, não cobrar pelos trabalhos, logo ela pode ter variantes mas nenhuma
das tais deve apresentar-se cobrando para realizar trabalhos espirituais. Pois
neste ponto a “diversidade” colocaria em risco a “unidade”. Desta forma falar
de Umbanda é falar de sua unidade assim como falar de Umbandas é falar de sua
pluralidade. Abaixo apresento algo desta pluralidade ou se preferir
Diversidade, para nossa reflexão:
- Umbanda Branca: O termo pode ter surgido da definição de Linha
Branca de Umbanda usada por Leal de Souza e adotada por tantos
outros. A idéia era de que a Umbanda era uma “Linha” do Espiritismo ou uma
forma de praticar Espiritismo, na qual a Linha Branca se divide em outras
Sete Linhas. Ao afirmar a Umbanda como Branca subentende-se muitas coisas,
entre elas que possa haver outras umbandas, de outras cores e “sabores”.
Mas a questão de ser branca está muito mais ligada ao fato de associar ao
que é “claro”, “limpo”, “leve” ou simplesmente ausente do “preto”,
“escuro” ou “negro” – há um preconceito subentendido – afinal é uma
Umbanda mais “branca” que “negra”, mais européia que afro e, porque não,
mais Espírita. Geralmente usa-se esta qualificação, “Umbanda Branca”, para
definir trabalhos de Umbanda com a ausência do que chamamos de “Linha da
Esquerda”, para Leal de Souza uma “Linha Negra”. Ainda hoje muitos se
identificam desta forma e geralmente o usam como um “recurso” para
“livrar-se” do preconceito de outros... como a dizer: Sou Umbandista,
mas da Umbanda Branca – como quem afirma pertencer à “Umbanda boa”.
Não há uma “Umbanda Negra” ou uma “Umbanda Ruim”, toda Umbanda é Boa.
- Umbanda Pura: Ao propor o Primeiro Congresso de Umbanda em
1941 o grupo que assumiu esta responsabilidade esperava apresentar uma
“Umbanda Pura” (“desafricanizada” e “orientalizada”), praticada pela
classe média no Rio de Janeiro. É a Umbanda praticada pelo “grupo fundador
da Umbanda”[2] ou simplesmente o
grupo intelectual carioca que lutou pela legitimação da Umbanda, criando a
Primeira Federação Espírita de Umbanda do Brasil, Primeiro Congresso
Brasileiro do Espiritismo de Umbanda e o Primeiro Jornal de Umbanda. Este
grupo pretendia uma “codificação” da Umbanda em seu estado mais puro de
ser. Embora a idéia de uma “Religião Pura” sempre será algo a ser
questionado, independente de qual tradição lhe tenha dado origem. Do ponto
de vista Histórico, Sociológico, Antropológico e até Filosófico, não há
“Religião Pura”. Por trás de uma cultura sempre há outras culturas que lhe
deram origem, sucessivamente desde que o Homem é homo-sapiens também
é homo-religiosus. O Antropólogo Arthur Ramos afirma que: “As
formas mais adiantadas de religião, mesmo entre os povos mais cultos, não
existem em estado puro. Ao lado da religião oficial, há outras atividades
subterrâneas...”[3] E o já citado
Historiador das Religiões, Mircea Eliade, afirma: “Mas nunca será demais
repetir que não há a menor probabilidade de se encontrar, em parte alguma
do mundo ou da história, um fenômeno religioso ‘puro’ e perfeitamente
‘original’.” “Nenhuma religião é inteiramente ‘nova’, nenhuma mensagem
religiosa elimina completamente o passado; trata-se, antes, de
reorganização, renovação, revalorização, integração de elementos – e dos
mais essenciais! – de uma tradição religiosa imemorial.”[4]
- Umbanda Popular: É a prática da religião de Umbanda sem muito
conhecimento de causa, sem estudo ou interesse em entender seus
fundamentos. É uma forma de religiosidade na qual vale apenas o que é dito
e ensinado de forma direta pelos espíritos. O único conhecimento válido é
o que veio de forma direta em seu próprio ambiente ritualístico. Não se
costuma fazer referências a outras filosofias ou justificar suas praticas
de forma “intelectualizada”. Eximindo-se de auto explicar-se reforçam a
característica mística da religião, em que, independente de
“racionalizações” a prática se sustenta devido a quantidade de resultados
positivos alcançados. Podemos dizer que os adeptos muitas vezes não sabem
ou tem certeza de como as coisas funcionam, mas sabem que funcionam. É
aqui que muitas vezes nos deparamos com médiuns que afirmam, sobre a
Umbanda, que não sabem de nada o que estão fazendo, mas que seus guias
espirituais (caboclo e outros) sabem e isto lhes basta. Outrora, alguns,
afirmam que médium não pode saber de nada de Umbanda para não mistificar.
Muitos caem na armadilha do tempo, em que jovem de outrora agora já sabe
de muita coisa que finge não saber para manter esta idéia de que nada deve
saber. Enfim para nós que acreditamos no estudo dentro da religião é muito
difícil abordar um seguimento que não se interesse pela leitura, embora
deve-se reconhecer, para não incorrer ao erro, que muitos estudam e
conhecem muito das realidades espirituais que nos cercam e ainda assim
preferem manter-se junto a uma forma pura de contato espiritual.
- Umbanda Tradicional: Esta qualificação serve tanto para identificar
a “Umbanda Branca”, “Umbanda Pura” ou “Umbanda Popular”. Que são as formas
mais antigas, mais conhecidas e mais populares de praticar Umbanda, muito
embora este perfil está mudando. Creio que hoje os terreiros que se
adaptaram para uma linguagem mais jovem, mais intelectualizada e racional
estão em franco crescimento, na medida em que no local de desinformação
e/ou bagunça a Umbanda ainda vai secar. E neste mesmo solo vai ressurgir,
nas novas gerações, que quando crianças, em algum momento, visitaram um terreiro.
Estas crianças de ontem, adultos de hoje, podem nos dizer o quanto foi
importante o trabalho da linha das crianças para a multiplicação da
religião. Tantos se perguntam como criar cursos para as crianças na
Umbanda, como um “catecismo” de Umbanda, ou umbanda para crianças,
preocupados em como preparar e ensinar religião a nossos filhos. Se os
terreiros mantivessem um trabalho periódico com a incorporação das
crianças, bastava que este se torna-se o dia de nossos filhos na Umbanda,
e que nesse dia nossos filhos aprenderiam sobre Umbanda diretos com estas
entidades. A curiosidade levaria nossos filhos a questionar e querer
aprender mais sobre a Religião... Portanto a idéia de estudar Umbanda está
na base de crescimento e multiplicação da mesma.
- Umbanda Esotérica ou Iniciática: É uma forma de praticar a Umbanda estudando
os fundamentos ocultos, conhecidos apenas dos antigos sacerdotes egípcios,
hindus, maias, incas, astecas e etc. O conhecimento esotérico, ou seja,
fechado e oculto dos arcanos sagrados, é desvelado por meio de iniciações.
Foi idealizada com inspiração na obra de Blavatski, Ane Bessant,
Saint-Yves D’Alveydre, Leterre, Domingos Magarinos (Epiaga), Eliphas Levi,
Papus e etc. Os fundamentos esotéricos da Umbanda foram organizados pela Tenda
Espírita Mirim e apresentados, alguns deles, no Primeiro Congresso
Brasileiro do Espiritismo de Umbanda[5]. O primeiro autor
que trouxe este tema para a literatura umbandista foi Oliveira Magno,
1951, com o título A Umbanda Esotérica e Iniciática. Como
vimos no capitulo anterior e veremos nos capítulos posteriores, recebeu
contribuições de Tata Tancredo e Aluízio Fontenelle. Já na segunda e terceira
geração de autores Umbandistas surgirão outros autores dentro deste
seguimento. Costumam citar a origem da Umbanda na Atlantida ou Lemúria, no
mito do AUMBANDÃ.
· Umbanda
Trançada, Mista e Omolocô: São nomes usados para identificar uma Umbanda
praticada com influência maior dos Cultos de Nação ou do Candomblé Brasileiro
onde combina-se os fundamentos e preceitos oriundos das culturas africanas com
as entidades de Umbanda. Pode-se ter os tradicionais rituais de Camarinha,
Bori, Ebós e oferenda animais com seus respectivos sacrifícios. Muitos chamam
esta variação de Umbandomblé. O autor, médium, sacerdote e presidente de
Federação que mais defendeu a origem africana da Umbanda foi o conhecido Tata
Tancredo. Autor de inúmeros títulos de Umbanda, publicou seu primeiro livro Doutrina
e Ritual de Umbanda, 1951, em parceria com Byron Torres de Freitas e é
defensor da variação chamada de Omolocô, da qual é seu idealizador no Brasil.
- Umbanda de Caboclo: É uma variação de Umbanda onde prevalece a
presença do caboclo, muitas vezes acreditando que a Umbanda é antes de
mais nada a pratica dos índios brasileiros revista pela cultura moderna e
doutrinada com conceitos que foram sendo absorvidos com o tempo. Decelso
escreveu o título Umbanda de Caboclo para explicar esta
variação de Umbanda.
- Umbanda de Jurema: No nordeste existe um culto popular chamado
Catimbó ou Linha dos Mestres da Jurema, que combina a cultura indígena com
a cultura católica, somando valores da magia européia e de quando e vez
algo da cultura afro. O principal fundamento é o uso da Jurema Sagrada,
como bebida e também misturada no fumo, que vai ao fornilho do tradicional
cachimbo, também chamado de “marca”, feito de Jurema ou Angico. As
entidades que se manifestam são chamadas de Mestres e da Jurema. Umbanda
herdou a manifestação do Mestre Zé Pelintra, que pode vir como Exu,
Baiano, Preto-Velho ou Malandro. Quando se combina os fundamentos de
Umbanda e Catimbó temos esta modalidade, que pode ser uma Umbanda regional
de Pernambuco ou praticada de forma intencional pelo umbandista que se
interessou pela Jurema e descobriu a Linha de Mestres dentro de sua
Umbanda.
- Umbandaime: O Santo Daime é uma religião nativa do
Amazonas, é uma variação da Ayuasca, que é um chá preparado com duas ervas
de poder, o cipó Mariri e a folha da Chacrona. De tanto ter visões de
entidades de Umbanda e Orixás em rituais do Daime é que alguns grupos de
umbandistas passaram a praticar Umbandaime ou seja trabalhos de Umbanda
ingerindo o Daime ou rituais de Ayuasca, para se comunicar com as
entidades de Umbanda. A Umbanda em si não tem em seus fundamentos o uso de
bebidas enteógenas, além dos tradicionais café, cerveja, vinho, “pinga”,
batida de côco e outros que servem apenas como “curiador” (elemento usado
para potencializar alguma ação espiritual ou magistica), cada linha de
trabalho tem sua “bebida-curiador”, no entanto nem a bebida nem o fumo são
carregados de erva que induza o estado de transe. A própria bebida deve
ser controlada. Podem no entanto ser consideradas bebidas de poder como o
“vinho da jurema”, no entanto a bebida não é o centro do ritual, apenas um
elemento auxiliar. No caso do Daime, este está no centro do culto, o poder
que se manifesta por meio do chá é que conduz o adepto. Na Umbanda quem
conduz o trabalho são os espíritos guias, com daime ou sem daime.
- Umbanda Eclética: Chama-se de Eclética a Umbanda que mistura
de tudo um pouco fazendo uma bricolagem de Orixás com Mestres
Ascensionados e divindades hindus por exemplo. Recorrem a conhecida Linha
do Oriente para justificar a presença de tantos elementos diferentes do
Oriente e Ocidente junto ao esoterismo, ocultismo e misticismo.
- Umbanda Sagrada ou Umbanda Natural: Quando começou a psicografar e dar
palestras, Rubens Saraceni sempre fazia questão de se referir à Umbanda
como Sagrada. Não havia intenção de criar uma nova Umbanda, apenas
ressaltar uma qualidade inerente à mesma. Na apresentação de seu primeiro
título doutrinário Umbanda – O Ritual do Culto à Natureza,
publicado em 1995, afirma que o livro em questão guarda uma coerência
bastante grande, o de trilhar num meio termo entre o popular e o
iniciático, ou entre o exotérico e o esotérico. Já no Código
de Umbanda, no capítulo Umbanda Natural, cita: Umbanda
Astrológica, Filosófica, Analógica, Numerológica, Oculta, Aberta, Popular,
Branca, Iniciática, Teosófica, Exotérica e Esotérica. Para então afirmar
que: Natural é a Umbanda regida pelos Orixás, que são senhores dos
mistérios naturais, os quais regem todos os pólos umbandistas aqui
descritos. Muitos optam por substituir a designação de “Ritual de Umbanda
Sagrada”, dada á Umbanda Natural [...] Fica claro que para o autor a
Umbanda é algo natural e sagrado, adjetivos que se aplicam ao todo da
Umbanda e não a um segmento em particular. No livro As Sete Linhas de
Umbanda volta a citar as várias “umbandas” e comenta que na
verdade, e a bem da verdade, tudo são seguimentações dentro da religião
Umbandista [...] Ainda assim, sem a intenção de criar uma nova
seguimentação dentro do todo, trouxe muitos temas novos e novas abordagens
para outros tantos, criando toda uma Teologia de Umbanda. Seus
conceitos se expandiram muito rapidamente assim como a popularidade de
títulos como O Guardião da Meia Noite e Cavaleiro da Estrela da Guia. Sua
forma de apresentar, entender e explicar a Umbanda ficou identificada ou
rotulada de Umbanda Sagrada. Palavra que para este autor engloba
toda a Umbanda, como um Todo também chamado de Umbanda Natural .
- Umbanda Cristã: A Umbanda, fundada no dia 15 de Novembro de
1908, tem no Caboclo das Sete Encruzilhadas a entidade que lançou seus
fundamentos básicos, logo na primeira manifestação esta entidade já
esclareceu que havia sido, em uma de suas encarnações, o Frei Gabriel de
Malagrida, um sacerdote cristão queimado na “Santa Inquisição”, por ter
previsto o terremoto de Lisboa e que posteriormente nasceu como índio no
Brasil.
Ao dizer qual seria o nome do primeiro templo da
religião, Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, porque “assim como
Maria acolheu Jesus da mesma forma a Umbanda acolheria seus filhos”, já dava
uma diretriz cristã a nova religião. Há um conto sobre o Caboclo das Sete
Encruzilhadas que diz ter sido chamado por Maria, Mãe de Jesus, para semear a
nova religião.
Todo trabalho e doutrina de Zélio de Moraes têm
este perfil cristão, subentendendo Umbanda Cristã, antes de ser “Umbanda
Branca” ou “Umbanda Pura”, outros adjetivos que já foram associados a sua forma
de praticá-la.
Jota Alves de Oliveira escreveu um título chamado Umbanda
Cristã e Brasileira, no qual encontrarmos a citação abaixo:
A Orientação
Doutrinária do evangelizado Espírito do Caboclo das Sete Encruzilhadas nos
levou a considerar e historiar seu trabalho enriquecido das lições do evangelho
de Jesus, com a legenda: Umbanda Cristã e Brasileira.[6]
Outro elemento que endossa a qualidade cristã da
Umbanda é o arquétipo dos Pretos e Pretas-velhas, são ex-escravos batizados com
nomes católicos e que trazem muita fé em Cristo, nos Santos e Orixás.
As qualidades cristãs e a presença dos santos
católicos confortam e tranqüilizam quem entra pela primeira vez em um templo
umbandista, muito embora não se limite a adornos e sim a uma presença
espiritual dos mesmos.
Qualificar
ou não qualificar?
Quase todos
os assuntos doutrinários e teológicos da Umbanda, quando aprofundados, criam
polêmicas pelo fato de nos encontrarmos em uma religião nascente, ainda em
formação, que em muito lembra o cristianismo primitivo com suas divergências
internas.
Vejamos a
questão de Cristo na Umbanda, na qual para um ex-católico Cristo é Deus, para
um ex-espírita Cristo é um mestre ou irmão mais velho da humanidade, já um
ex-muçulmano vê em Cristo um profeta. Este é um dos exemplos pelos quais surgem
as Umbandas, outro seria o fato de sua constante evolução e transformação. A
Umbanda ainda possui esta flexibilidade, não impõe, antes aceita as diferentes
formas de interpretar os mistérios de Deus.
Ali está uma
boa parte dos fundamentos da Umbanda, seu ritual é aberto ao aperfeiçoamento
constante... E por que isso? Simples: tudo o que as grandes religiões
castram nos seus fiéis, o ritual umbandista incentiva nas pessoas que dele se
aproximam [...][7]
Fica fácil
entender que as formações religiosas anteriores influenciam o ponto de vista do
umbandista gerando seguimentos, assim como suas áreas de maior interesse cria
todo um campo a ser explorado dentro da própria Umbanda, como ferramenta para
alcançar certos mistérios da criação. No entanto a Umbanda não pode ser
contida, ou apreendida no seu todo por quem quer que seja. O mais que alguém
poderá conseguir será captar partes desse todo. [8]
Por mais válidas
que sejam as seguimentações, por mais que se auto afirmem ser “a verdadeira”
Umbanda ou a “Umbanda Pura”, nenhuma destas “umbandas” dá conta do TODO que é
Umbanda. Particularizar, seguimentar, é reduzir, para entender o todo há de se
buscar um “mirante” privilegiado, no qual se possa vislumbrar todas as umbandas
e “A” Umbanda ao mesmo tempo. Pela “parte” não se define o “todo”, mas
pela “unidade” se busca uma “essência”, um fundamento e base.
No fundo é
possível praticar Umbanda, simplesmente, livre de qualificações, adjetivos,
atributos ou atribuições. Basta dizer-se umbandista e quando perguntarem:
“_De que
Umbanda você é?”
É mais do
que suficiente responder apenas:
“_Umbanda”
Da mesma
forma é possível a alguém ser cristão independente de Catolicismo,
Protestantismo, Luteranismo, Metodismo, Calvinismo, Pentecostalismo, mas não é
possível negar que existam diferentes vertentes dentro do Cristianismo e da
mesma forma com a Umbanda.
Notas:
1 O
sociólogo Max Weber que criou o conceito de “tipo ideal” na sociologia o
apresenta como uma construção teórica formada com base em observações das
características mais marcantes no objeto de estudo, como por exemplo o tipo
ideal de cidadão grego ou o tipo ideal de capitalismo. Da mesma forma podemos
aplicar este conceito à Umbanda, seja para subtrair outros modelos ou para
encontrar sua unidade em meio a pluralidade.
2Ver Diana
Brown. P. 12
3 Arthur
Ramos. O Negro Brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. Graphia, 2001. P. 35.
4 Mircea
Eliade. O Xamanismo e as Técnicas Arcaicas do Êxtase. São Paulo: Ed. Martins
Fontes, 2002. Pp. 23-24
5 Veja o
Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda.
6 Op.Cit. p.
13
7Rubens
Saraceni. São Caetano do Sul, Fevereiro de 1990. in Umbanda o Ritual do Culto à
Natureza, 1995. p.15
8 Rubens
Saraceni. Umbanda o Ritual do Culto à Natureza, 1995. p.10
[1] O sociólogo Max Weber que criou o conceito de
“tipo ideal” na sociologia o apresenta como uma construção teórica formada com
base em observações das características mais marcantes no objeto de estudo,
como por exemplo o tipo ideal
de cidadão grego ou o tipo ideal de
capitalismo. Da mesma forma podemos aplicar este conceito à Umbanda, seja para
subtrair outros modelos ou para encontrar sua unidade em meio a pluralidade.
[2] Ver Diana Brown. P. 12
[3] Arthur Ramos. O Negro Brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. Graphia, 2001. P. 35.
[4] Mircea Eliade. O Xamanismo e as Técnicas Arcaicas do Êxtase. São Paulo: Ed.
Martins Fontes, 2002. Pp. 23-24
[5] Veja o Primeiro Congresso Brasileiro do
espiritismo de Umbanda na página tal...
[7] Rubens Saraceni. São Caetano do Sul, Fevereiro de
1990. in Umbanda o Ritual do Culto à
Natureza, 1995. p.15
[8] Rubens Saraceni. Umbanda o Ritual do Culto à Natureza, 1995. p.10
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