"Trouxeram-lhe também criancinhas, para que ele as tocasse. Vendo isto, os discípulos as repreendiam. Jesus, porém, chamou-as e disse: Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas. Em verdade vos declaro: quem não receber o Reino de Deus como uma criancinha, nele não entrará." (Lucas 18,15-17)
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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Como surgiu a Umbanda em nosso País



Fragmentos de uma antiga religião ancestral, forma evoluída do catimbó indígena ou variação do candomblé? A polêmica sobre as origens da Umbanda é grande, e ainda não se chegou a uma conclusão definitiva. Mas muitos umbandistas dizem que o surgimento formal da Umbanda está documentado: foi em 15 de novembro de 1908, em Niterói — RJ.

A pesquisadora Theresa Saindenberg contou como tudo aconteceu.

Em fins de 1908, uma família tradicional de Neves, Estado do Rio, foi surpreendida por uma ocorrência que tomou aspecto sobrenatural: o jovem Zélio Fernandino de Moraes, que fora acometido de estranha paralisia, que os médicos não conseguiam debelar, certo dia ergueu-se do leito e declarou: “Amanhã estarei curado.”

No dia seguinte, levantou-se normalmente e começou a andar, como se nada, antes, lhe houvesse tolhido os movimentos. Estava com apenas dezessete anos e destinava-se à carreira militar na Marinha.

A medicina não soube explicar o que tinha acontecido. Os tios, que eram padres católicos, foram colhidos de surpresa e nada esclareceram sobre a misteriosa ocorrência. Um amigo da família sugeriu, então, uma visita à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza. No dia 15 de novembro de 1908, o jovem Zélio foi convidado a participar de uma sessão, e o dirigente dos trabalhos determinou que ele ocupasse um lugar à mesa.

Tomado por uma força estranha e superior à sua vontade, contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, o jovem Zélio levantou-se e disse: “Aqui está faltando uma flor!”, e retirou-se da sala. Pouco depois, voltou trazendo uma rosa, que depositou no centro da mesa. Essa atitude insólita causou quase um tumulto.

Restabelecida a “corrente”, manifestaram-se espíritos, que se diziam de negros escravos e de índios ou caboclos, em diversos médiuns. Esses espíritos foram convidados a se retirar pelo presidente dos trabalhos, advertidos do seu estado de atraso espiritual.

Foi então que o jovem Zélio foi novamente dominado por uma força estranha, que fez com que ele falasse sem saber o que dizia. (De acordo com depoimento do próprio Zélio à revista Seleções de Umbanda, em 1975.)

Zélio ouvia apenas a própria voz perguntar o motivo que levava os dirigentes dos trabalhos a não aceitarem a comunicação desses espíritos e por que eram considerados atrasados — se apenas pela diferença de cor ou de classe social que revelaram ter tido na sua última encarnação.

Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela mesa procuraram doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que estaria incorporado em Zélio e desenvolvia argumentação segura.

No outro dia, Zélio era sacerdote de Umbanda

Um dos médiuns videntes perguntou afinal: “Porque o irmão fala nesses termos, pretendendo que esta mesa aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados? E qual é seu nome, irmão?”

Respondeu Zélio, ainda tomado pela força misteriosa: “Se julgam atrasados esses espíritos de negros e dos índios, devo dizer que amanhã estarei em casa deste aparelho (o médium, Zélio) para dar início a um culto em que esses negros e esses índios poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados ou desencarnados. E, se querem saber o meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim.”

“Julga o irmão que alguém irá assistir ao seu culto?”, perguntou, com ironia, o médium vidente; ao que o Caboclo das Sete Encruzilhadas respondeu: “Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei!”

Zélio de Moraes contou que no dia seguinte, 16 de novembro, ocorreu o seguinte: “Minha família estava apavorada. Eu mesmo não sabia explicar o que se passava comigo. Surpreendia-me haver dialogado com aquele austeros senhores de cabeça branca, em volta de uma mesa onde se praticava um trabalho para mim desconhecido. Como poderia, aos dezessete anos, organizar um culto? No entanto, eu mesmo falara, sem saber o que dizia e porque dizia. Era uma sensação estranha: uma força superior que me impelia a fazer e a dizer o que nem sequer passava pelo meu pensamento.”

“E no dia seguinte, em casa de minha família, na Rua Floriano Peixoto, 30, em Neves, ao se aproximar a hora marcada — 20 horas — já se reuniam os membros da Federação Espírita, seguramente para comprovar a veracidade do que fora declarado na véspera; os parentes mais chegados, amigos, vizinhos e, do lado de fora, grande número de desconhecidos.”

Às 20 horas manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que se iniciava, naquele momento, um novo culto em que os espíritos de velhos africanos, que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase exclusivamente para trabalhos de feitiçaria, e os índios nativos de nossa terra poderiam trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social. A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal desse culto, que teria por base o Evangelho de Cristo e, como mestre supremo, Jesus.

O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto: sessões – assim chamariam os períodos de trabalho espiritual — diárias, das 20 às 22 horas; os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito.

Deu, também, o nome desse movimento religioso que se iniciava; disse primeiro allabanda (ou um dos presentes assim anotou), mas, considerando que não soava bem a sua vibratória, substituiu-o por aumbanda, ou seja, umbanda, cuja palavra de origem sânscrita, que se pode traduzir por: “Deus ao nosso lado”, ou “o lado de Deus”.

Muito provavelmente, ficou o nome umbanda, e não aumbanda, porque alguém anotou a palavra separadamente (a umbanda). Sobre o assunto, diz Ramatis, no livro A Missão do Espiritismo:

“A palavra aum é de alta significação espiritual, consagrada pelos mestres; bandhã, em sua expressão mística iniciática, significa movimento incessante, força centrípeta emanada do Criador. A palavra aumbandhã, pronunciada na forma de uma mantra, aproxima-se melhor da sonorização ombanda, sendo ajustada à doutrina de umbanda, praticada no Brasil.”

E, mais adiante: “Os africanos praticavam a magia indistintamente. (...) Em face dos costumes da civilização é inexequível a prática da umbanda nos moldes e ritualismo genuíno africano. (...) Acontece que, antes dessa denominação de umbanda (antes, portanto, de 1908), os ritos e intercâmbios mediúnicos eram somente conhecidos como candomblé, ou macumba, sob o domínio completo do africanismo versado na magia grosseira.” (1)

A opinião acima é de Ramatis (guia espiritual do médium Hercílio Maes, autor de inúmeros livros), a quem muito consideramos mas de quem ousamos discordar.

Voltemos ao relato de Zélio, sobre as ocorrências do dia 16 de novembro de 1908.

O Caboclo fala latim e alemão

“A casa de trabalhos espirituais, que no momento se fundava, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como Maria acolhe o Filho nos braços, também seriam acolhidos, como filhos, todos os que necessitassem de ajuda e de conforto.”

“Ditadas as bases do culto, após responder, em latim e em alemão (2), às perguntas dos sacerdotes ali presentes, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou à parte prática dos trabalhos, curando enfermos, fazendo andar aleijados. Antes do término da sessão, manifestou-se um preto velho, Pai Antônio, que vinha completar as curas.”

Segundo o jornal Gira de Umbanda (nº 19 — “As verdadeiras Origens da Umbanda no Brasil inteiro: “Chegou, chegou, chegou com Deus, chegou, chegou o Caboclo das Sete Encruzilhadas.”

Nos dias seguintes, verdadeira romaria se formou na Rua Floriano Peixoto, nº 30, em Neves. Enfermos, cegos, paralíticos, vinham em busca de cura e ali a encontravam, em nome de Jesus. Médiuns (cujas manifestações haviam sido consideradas como loucura) deixando os sanatórios e deram provas de suas qualidades excepcionais. Estava fundada a Umbanda no Brasil. 15 de novembro seria, posteriormente, o Dia Nacional da Umbanda.

Cinco anos mais tarde, manifestou-se o Orixá Male, exclusivamente para a cura de obsedados e o combate aos trabalhos de magia negra (3).

Dez anos após a fundação da Tenda Nossa Senhora da Piedade (registrada com o nome de Tenda Espírita, porque não era aceito, na época, o registro de uma entidade com a especificação de Umbanda), o Caboclo das Sete Encruzilhadas declarou que iniciava a segunda parte de sua missão: a criação de sete templos, que seriam o núcleo do qual se propagaria a religião de Umbanda.

Em 1935 estavam fundados os sete templos idealizados pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, sendo curiosa a fundação do sétimo, que receberia o nome de Tenda São Jerônimo (a casa de Xangô). Faltava um dirigente adequado ao mesmo quando, numa noite de quinta-feira, José Álvares Pessoa, espírita e estudioso de todos os ramos do espiritualismo, não dando muito crédito ao que lhe relatavam sobre as maravilhas ocorridas em Neves, resolveu verificar pessoalmente o que se passava.

Logo que assomou à porta da sala em que se reuniam os discípulos do Caboclo das Sete Encruzilhadas, este interrompeu a palestra que fazia e disse: “Já podemos fundar a Tenda São Jerônimo. O seu dirigente acaba de chegar.”

O Sr. Pessoa ficou surpreso, pois era desconhecido no ambiente. Não anunciara a sua vinda e viera apenas verificar a veracidade do que lhe narravam. Após breve diálogo em que o Caboclo demonstrou conhecer a fundo o visitante, José Álvares Pessoa assumiu a responsabilidade de dirigir o último dos sete templos que a Entidade criava.

Os primeiros Terreiros de Umbanda

Dezenas  de templos e tendas, porém, seriam fundados posteriormente, sob orientação direta ou indireta do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Em 1939, o Caboclo determinou que se fundasse uma federação (que posteriormente, passou à denominação de União Espírita de Umbanda do Brasil, segundo relata Seleções de Umbanda nº 7, 1975), para congregar templos umbandistas e que deveria ser o núcleo central desse culto, em que o simples uniforme branco de algodão, dos médiuns, estabelecia a igualdade de classes, e a simplicidade do ritual permitia dedicar integralmente o tempo das sessões ao atendimento aos necessitados.

Mais tarde surgiu o Jornal de Umbanda, que durante mais de vinte anos foi um porta-voz doutrinário de grande valor e no qual colaboravam efetivamente, entre outros, Cavalcanti Bandeira, Reinaldo Xavier de Almeida, Olívio de Novais e o escritor J. Alves de Oliveira.

Aliás, este último nos dá mais subsídios sobre a origem da Umbanda no Brasil, através do tablóide Macaia, informando “no livro do jornalista e escritor João do Rio — As Religiões do Rio, edição de 1904 — não se encontra a palavra umbanda. Porém, há um livro que nos leva a algumas conclusões sobre as práticas mediúnicas, ou impulsos de alguns médiuns atuados, de surpresa, por espíritos que se diziam de caboclo ou de pai africano.”

E o livro do jornalista e escritor Leal de Souza, de A Noite (que enveredou, por volta de 1924, pelos centros espíritas e outros onde se manifestavam espíritos de Caboclos e Pretos Velhos, Exus e Crianças) denominado No Mundo dos Espíritos, publicado em 1925, nos conta, em reportagens todas elas muito sérias, num total de noventa, como eram os rituais umbandistas da época, estampando inclusive fotos dos líderes de então.

Uma das reportagens mostra o médium Zélio de Moraes incorporando o Caboclo das Sete Encruzilhadas; mas, curiosamente, não há ainda a menção da palavra umbanda, evidenciando o quão pouco era esse termo difundido até 1925. Uma das reportagens se intitula “O Espiritismo na Macumba”; outra, “O Terreiro de Macumba”, etc. O termo umbanda só usado numa referência a uma saudação a Ogum (Orixá das demandas) dirigida pela Entidade Pai Quintino, onde se lê: “Viva o General de Umbanda!

No livro que reúne as teses ao 1º Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda (assim se chamava a umbanda em 1941), o vocábulo é considerado de origem sânscrita: “A raiz mais antiga de que há registro acerca de umbanda encontra-se nos famosos livros da Índia, os Upanishads.”

Refere-se W. W. da Matta e Silva (Umbanda de Todos Nós, edição de 1956, págs. 12 e 13) à origem do termo, afirmando que:

“Verifica-se que até os anos de 1900, 1904, 1916 e 1917, os autores, em pesquisas e apurados estudos na época em que os candomblés conservam-se ainda puros, não encontraram o vocábulo umbanda.”

Matta e Silva confirma assim os testemunhos de Waldemar Bento (A Magia no Brasil), Roger Bastide (Imagens do Nordeste Místico), Gilberto Freire (Estudos Afro-Brasileiros), Nina Rodrigues (O Animismo Fetichista dos Negros da Bahia), João do Rio (As Religiões do Rio), etc.

Cavalcanti Bandeira reporta-se aos mestres do idioma africano, citando o vocábulo umbanda como “arte de curar”, “magia”, “faculdade de curar por meio de medicina natural ou sobrenatural”; ou, ainda, “os sortilégios que, segundo se presume, estabelecem e determinam a ligação entre os espíritos e o mundo físico”.

Porém, Matta e Silva nos diz, na pág. 35 do livro citado, que:
“O vocábulo umbanda só pode ser identificado dentro das qualificadas línguas mortas. Todavia, entre os angolenses existe o termo kimbanda, que significa “sacerdote, invocador de espíritos”, firmado no radical mbanda, conservado através de milênios, legado da tradição oral da raça africana, o qual é uma corruptela do original u-mbanda ou aum-bandhã.”

E prossegue: “Toda essa complexa mistura, que o leigo chama de macumba, baixo espiritismo, magia negra, envolvendo práticas fetichista e barulhentas (...), era a situação existente, quando surgiu um vigoroso movimento de luz, ordenado pelo astral superior, feito pelos espíritos que se apresentavam como Caboclos, Pretos Velhos e Crianças.

Um culto que muda com rapidez

Diz ainda Matta e Silva: “Surgiram práticas as mais confusas e desordenadas, envolvendo oferendas com sacrifícios de animais, sangue, etc., e por isso tudo fez-se imprescindível um novo movimento, dentro desses cultos ou de sua massa de adeptos, feito pelos espíritos carmicamente afins a essa massa e pelos que, dentro de afinidades mais elevadas, se espantam no amor e na renúncia em prol da evolução de seus semelhantes, o qual foi lançado através da mediunidade de uns e outros pelos Caboclos e Pretos Velhos, com o nome de Umbanda.”

“O termo Umbanda, que eles implantaram no meio, para servir de bandeira a essa poderosa corrente, ensinaram que é um termo litúrgico, sagrado, vibrado, que significa, num sentido mais profundo, o conjunto das leis de Deus.”

“É comum, ouvir-se dizer que a Umbanda foi trazida ao Brasil pelos escravos”, lê-se no texto apresentado pelo Condu (Conselho Nacional Deliberativo de Umbanda) a 7 de agosto de 1977 em congresso realizado no Centro Espírita Caminheiros da Verdade, no Rio de Janeiro, e publicado pelo jornal Gira de Umbanda. “Entretanto, devemos considerar que a Umbanda surgiu sobre o amalgama das crenças negras e nativas com o cristianismo.”

Diz Cavalcanti Bandeira:

“Dos africanos vieram os nomes, ritual e costumes; dos índios, algumas denominações e outros costumes; dos espíritas, a doutrina filosófica moderna; do catolicismo, os santos, os sacramentos e alguma coisa do ritual; dos orientais, todos os fundamentos teológicos.”

E prosseguem as conclusões do Condu:

“A crença dos negros desempenhou papel relevante na formação da Umbanda, da qual se construiu um dos principais alicerces, dando-lhe, como contribuição primordial, os Orixás. Em sua prática, a Umbanda aproxima-se mais da origem nativa; na estrutura, porém, prevaleceu a influência africana.”

“Os conceitos de reencarnação e da comunicação com os desencarnados, já existentes nesses cultos, foram reforçados pelo espiritismo, através de sua doutrina esclarecedora. O catolicismo deu valiosa contribuição à Umbanda, em grande parte por influência do negro, ao qual havia sido imposta a assimilação do Orixá aos Santos, e também através dos primeiros médiuns umbandistas, ainda afeiçoados à religião predominante na época. Cumpre acentuar que, na Umbanda implantada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, não é utilizado o sacrifício de aves e animais, nem para homenagear Entidades, nem para desmanchar trabalhos de magia.” (Declaração textual de Zélio de Moraes, em 1979.)

“O holocausto, ou sacrifício de animais, é totalmente alheio à Umbanda”, lê-se no livro O Culto da Umbanda em Face da Lei, de Cavalcanti Bandeira, editado em 1945.

Mohab Caldas oferece-nos uma definição perfeita da Umbanda:

“Não cobrar, não matar, usar o branco, evangelizar e utilizar forças da natureza.”

“Umbanda é, portanto, o produto de uma evolução religiosa”, conclui o relatório do Condu. “Suas origens encontram-se nas filosofias orientais, fonte inicial de todos os cultos do mundo civilizado. E a sua implantação, em nossa terra, deu-se com a fusão das práticas, dos conceitos e crenças do negro, do branco e do índio.”

Zélio Fernandino de Moraes, médium que recebeu o Caboclo das Sete Encruzilhadas, o fundador da Umbanda no Brasil, desencarnou em outubro de 1975, aos 84 anos de idade. De seu trabalho incansável resultou a Umbanda de hoje, que abrange cerca de 30 milhões de adeptos, segundo estimativas apresentadas no 2º Festival Mundial de Artes e Culturas Negras, realizado em Lagos, na Nigéria, em 1977, pelo professor René Ribeiro, da Universidade Federal de Pernambuco, que demonstrou que a Umbanda é a religião que mais cresce no Brasil. O professor René baseou-se em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).

Da atitude de Zélio de Moraes, que, incorporado, declarou estar “faltando uma flor” na mesa da Federação Espírita de Niterói, surgiu uma das curimbas (pontos cantados) mais belas da Umbanda que diz:

“Surgiu no jardim mais uma flor, Mamãe Oxum trazendo paz e amor. Salve a Umbanda, independente e sutil, que vai crescendo, por este imenso Brasil. Bandeira branca de Oxalá, força do além, Mãe Caridosa que ao mundo deseja o bem... vai sempre em frente, ó minha Umbanda querida, leva a doçura da vida para aqueles que não têm!”

(1) Não consideramos grosseira a magia africana, pela qual temos o maior respeito, bem como pela cultura africana, rica e nada primitiva.

(2) Quanto a um Caboclo (supostamente um espírito de índio) falar diversas línguas (xenoglossia), é pelo fato comum na Umbanda. A explicação dada pelo babalaô Ivan Dodois, de Campinas (SP), é que muitos espíritos de grande cultura trabalham nas chamadas “Linhas de Caboclo”, por humildade. Podem ter sido índios numa encarnação e doutores em outras.

(3) Orixá, na realidade, não incorpora, apenas manda sua vibração à Terra. É comum, no Rio de Janeiro, tratar-se de um Guia espiritual pela denominação de Orixá, conforme nos informa Ivonne Mangie Alves Velho, em seu livro Guerra de Orixá. (Ivonne é da Universidade Federal do Rio de Janeiro.)

Texto extraído da Revista Planeta - Especial Umbanda e Candomblé,  nº 126-A


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